Seguidores

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011


Carnaval de antigamente


O Carnaval dessa altura era descrito na enciclopédia de um modo bastante claro:
Pelas ruas generalizava-se uma verdadeira luta em que as armas eram os ovos de gema, ou as cascas contendo farinha ou gesso, cartuchos de pós de goma, cabaças de cera com água de cheiro, tremoços, tubos de vidro ou de cartão para soprar com violência, milho e feijão que se despejavam aos alqueires sobre as cabeças dos transeuntes.
Havia ainda as luvas com areia destinadas a cair de chofre sobre os chapéus altos ou de coco dos passantes pouco previdentes e até se jogava entrudo com laranjas, tangerinas e mesmo com pastéis de nata ou outros bolos.
Em vários bairros atiravam-se à rua, ou de janela para janela, púcaros e tachos de barro e alguidares já em desuso, como depois se fez também no último dia do ano, no intuito de acabar com tudo de velho que haja em casa.
Também se usaram nos velhos entrudos portugueses a vassourada e as bordoadas com colheres de pau, etc. As pessoas mascaravam-se, pregavam partidas, gozavam com as outras pessoas pois estando disfarçadas podiam fazê-lo sem serem reconhecidas.
O Carnaval de cada terra tinha o seu rei, o Rei Momo, que também tem uma rainha. A corte tem vários ministros (a fingirem que estão sempre bêbedos) e imensas "matrafonas", que são homens vestidos de forma ridícula ou de mulher.
Normalmente, havia “zés-pereiras” que acompanhavam e animavam o desfile, a tocar bombo, ou "tropas fandangas" também a tocar e a fazer disparates. Também apareciam gigantones e outros disfarces.
Hoje em dia Portugal ainda há Carnavais com muita tradição: Ovar, Torres Vedras, Alcobaça, Loulé... E muitos mais, pois por todo o lado se brinca e se organizam festejos e bailes de Carnaval.


Cegadas

Já ouviste os teus pais ou os teus avós dizerem para te portares bem e não te meteres em «cegadas»? Ora essa expressão vem de uma tradição do Entrudo (Carnaval) português em que as pessoas faziam cegadas para se divertirem.
A característica mais importante da cegada é o facto de ser uma oportunidade para, estando disfarçado dos pés à cabeça, «gozar» com pessoas (importantes) que normalmente se respeitam, mas são irritantes, pregar partidas e até mesmo criticar o governo ou os governantes.
Como deves calcular, as pessoas que são criticadas não gostam mesmo nada e, no caso das tais «pessoas importantes» ou dos políticos, dantes, às vezes havia confusões com a polícia.
Por isso, nos anos 60 do século XX, o nosso governo proibiu as cegadas (por causa das críticas políticas, que na altura não se podiam fazer). Este foi o tempo das «grandes cegadas», porque, apesar de serem proibidas, muitas pessoas continuaram a fazê-las.
Claro que a tradição acabou por se perder um pouco, pois hoje já não se vai preso por criticar os «grandes». As cegadas eram uma forma de crítica que revelava o sentido humorístico malicioso do nosso povo. A melhor altura para o fazer era sempre o Carnaval - quando «ninguém leva a mal».
São uma tradição mais típica do sul de Portugal e as que ainda se mantêm são as de Sesimbra, Ourique, Odemira e outras.
Normalmente, acabam por se tornar até o tema do Carnaval desse ano, figurando alguns acontecimentos cómicos ocorridos durante o ano. E aí toda a gente se diverte! As cegadas também são uma representação, como as do teatro, mas são consideradas brejeiras (com piadas fáceis e maliciosas). São feitas por grupos de quatro, cinco ou seis elementos e duram aproximadamente uma hora. Os textos são encomendados a pessoas de fora que normalmente fazem (escrevem) cegadas ou então são feitos por pessoas do próprio grupo.
Os Caretos
Um careto é um homem disfarçado que anda pelas ruas de algumas povoações e aldeias do Norte de Portugal (especialmente em Trás-os-Montes) com uma máscara que serve para meter medo, fazendo de diabo à solta. Podem aparecer tanto no Carnaval como no Natal.
Os caretos fazem parte de uma tradição portuguesa muito, muito antiga, e os mais conhecidos são os de Podence e de Ousilhão (Trás-os-Montes), mas também os há noutras zonas, como em Lazarim, na Beira Alta.
Os homens de Podence também se mascaram, mas a diferença é que se mascaram de caretos, ou seja, de uma espécie de criaturas de outro mundo que fazem muito barulho e perseguem as raparigas solteiras.
Os caretos andam em grandes grupos, com máscaras de couro ou de madeira, muito feias. Vestem velhas colchas de lã transformadas em fatos de cores fortes como o verde, azul, preto, vermelho e amarelo (tudo às riscas). Para chamar a atenção e fazer todo o barulho que lhes é característico, os caretos usam grandes chocalhos pendurados na cintura e guizos nos tornozelos.
Nos dias em que os caretos saem à rua, as meninas solteiras ficam em casa a vê-los pela janela. Por isso eles trepam pelas varandas acima, para ir ter com elas e fazer muito barulho, mexendo a cintura para lhes bater com os chocalhos!
Outras das suas vítimas são os donos das adegas. Quando são apanhados, pegam-lhes ao colo e obrigam-nos a abrir as pipas de vinho para os caretos beberem.
Para os ajudar nas suas correrias e saltos por toda a povoação, os caretos usam também um pau ou uma moca, que lhes serve de apoio (e também lhes dá um ar mais assustador...).
Aos caretos tudo se permite nos dias de Carnaval. Diz-se que o homem, ao vestir aquele fato, torna-se misterioso e o seu comportamento muda completamente, ficando possuído por uma energia que não se sabe de onde vem. Nas crenças das pessoas de Trás-os Montes e da Beira Alta, existe qualquer coisa de mágico em todo o ritual da festa que permite aos caretos fazerem coisas que os outros não podem.
Há alguns anos, as pessoas, nestes dias, trancavam as portas, com medo dos abusos dos caretos. Claro que hoje em dia eles são mais moderados, mas as suas correrias, o seu barulho e os seus gritos ainda surpreendem os mais desprevenidos.
Diz-se que a tradição dos caretos já vem de há muitos séculos, ainda antes do Cristianismo e está associada a práticas mágicas, relacionadas com os cultos da fertilidade na agricultura.
Carnaval de Torres Vedras
Se há carnavais em Portugal que são conhecidos pelo facto de importarem uma festa de arromba do Brasil, o mesmo não acontece em Torres Vedras. Esta cidade é conhecida por ter o Carnaval "mais português" de Portugal.
Não admira que venham centenas de pessoas de todo o Pais para assistir a esta tradição que se mantém fiel à do típico Entrudo português. Desta forma, tal como antigamente, faz-se crítica política e social através de várias brincadeiras e aceita-se com grande alegria a participação espontânea dos populares.
O registo mais antigo que existe do Carnaval de Torres Vedras data do reinado de D. Sebastião, no século XVI. No século XIX, havia festejos com bailes e récitas dentro das colectividades, ou seja, as pessoas não iam muito para as ruas. É claro que este hábito mudou e começaram a sair à rua os carros alegóricos que criticavam a vida social e política da época.
Alguns anos depois, começaram a surgir os "temas" que eram a base do Carnaval. Todos os carros e máscaras eram feitos a partir desse tema. E assim o Carnaval começou a ficar mais organizado. Mas, o tema não é uma coisa muito rígida e fechada: os organizadores não se incomodam se houver pessoas que não têm nada a ver com o grupo a participar nas brincadeiras.
Os carros alegóricos de Torres Vedras são muito ricos. São todos feitos por artistas plásticos da região - pintores e escultores - que os constroem com grande qualidade. Aliás, algumas pessoas dizem que são os carros alegóricos que dão tanta fama ao Carnaval de Torres Vedras e que os turistas vão lá mesmo só para os apreciar de perto.
A tradição do rei e da rainha do Carnaval também se mantém nesta cidade. Mas, tal como tem acontecido noutros sítios, os reis são estrelas da televisão, sobretudo actores de telenovelas.
Carnaval de Ovar
O Carnaval de Ovar é um dos mais conhecidos de Portugal. Chegou a ser o maior acontecimento daquela região, começando a ser organizado desde 1952.
Em Ovar o Carnaval demora o ano inteiro a preparar: todos os figurantes e as suas famílias fazem os seus próprios trajes, máscaras, fantasias, enfeites e carros alegóricos.
Multiplicam-se os bailes, as brincadeiras e as travessuras, mas o mais importante é o desfile com mais de dois mil foliões vindos de Escolas de Samba ou de Grupos e, claro, integrando os humoristas individuais.
Em 1945, nos vários bairros de Ovar, começaram a organizar-se grupos de amigos e conhecidos para festejar o Carnaval. Não tardou muito para que todos os bairros se organizassem e fizessem competições. Começaram a aparecer os carros alegóricos dos bairros e a fama do Carnaval de Ovar correu depressa por todo o País. As ruas do centro da então vila enchiam-se de gente para ver o corso.
Dantes o Carnaval era divertido, mas havia muitos exageros (era designado por “Carnaval Sujo”): durante mais ou menos uma hora o centro da vila (Ovar ainda não era cidade) era atacado por foliões numa batalha poeirenta entre os grupos: lançava-se farinha, pó, fuligem e outras coisas do género...
Por isto se diz que em 1952 é que nasceu o Carnaval organizado em Ovar. Com todos os grupos unidos, tudo mudou de figura e o Carnaval tornou-se ainda mais rico, continuando a crescer e a ganhar importância.
Carnaval da Madeira
Diz quem já lá foi, que festejar o Carnaval na Madeira é uma experiência que nunca mais se esquece. Em primeiro lugar, porque não está tanto frio como no Continente e depois porque a festa é mesmo muito divertida!
As festividades do Carnaval espelham as características culturais do povo madeirense. Este povo é exemplo de alegria, felicidade e cor, parte integrante das suas personalidades.

Trazendo-lhe muita, muita diversão, o Carnaval na Madeira é definitivamente um dos melhores!

Sendo um dos eventos preferidos dos turistas, o Carnaval assumiu, desde sempre, características especiais. Além de ser muito animado, é cheio de cor e movimento. Por lá ninguém gosta de estar parado, e adoram a juventude e a alegria.
É por isso que todos os anos centenas de turistas (portugueses e estrangeiros) voam de propósito até à Madeira só para assistirem ao seu tão famoso Carnaval.
Os seus cortejos sempre tiveram a característica de se adaptarem ao momento, sem se preocuparem muito com o que é ou não mais tradicional.
Estes cortejos carnavalescos realizam-se normalmente nas ruas do Funchal e, apesar de serem compostos por vários grupos diferentes, não existe competição. Isto sucede porque todos os participantes são contagiados pela magia das multidões que se juntam nos passeios das ruas da cidade que dão passagem ao corso.
Na Madeira os políticos não se importam de ir também para a rua mascarados festejar o Carnaval e participar, tal como toda a gente, nas batalhas de flores, e lançar saquinhos de farinha de trigo e cascas de laranja.
Uma das coisas divertidas do Carnaval da Madeira é o facto de ter "dois carnavais".
- Um é o "alegórico", ou seja, aquele que é muito organizado, com grupos e figurantes vestidos com o mesmo tema.
- O outro é o "trapalhão", de que fazem parte todas as pessoas que se juntam à festa mascaradas, mas que não pertencem à parte organizada.
O mais curioso é que ninguém se aborrece por os "dois carnavais" andarem misturados. O que se pretende mesmo é que toda a gente se divirta bastante!
Carnaval de Alcobaça
A tradição do Carnaval em Alcobaça é muito antiga. Ali sempre se organizaram grandes festas e grandes corsos para centenas e centenas de pessoas.
Mas hoje essa tradição mudou bastante. É que Alcobaça é agora conhecida por ter o Carnaval mais brasileiro de todo o Portugal! Em Alcobaça, o Carnaval não são só três dias. São cinco!
Aliás, a festa tornou-se divertida e conhecida depois de um grupo com influência brasileira ter decidido tomar conta do Carnaval de Alcobaça. Decidiram juntar-se a uma escola de samba e organizar um Carnaval em grande, daqueles que só conseguimos ver no Brasil. Assim, quem organiza a maior parte das coisas são mesmo brasileiros!
Muitos pensavam que não ia funcionar, mas a verdade é que todos adoraram e agora as pessoas de todo o país até fazem fila para ver o Carnaval de Alcobaça!
Antigamente, tal como em muitos dos Carnavais do País, o de Alcobaça não era muito organizado, apesar de ser muito grande e com muitos carros alegóricos, sendo as crianças os principais participantes nos corsos de Alcobaça. Agora também participam muitos adultos, tornando a festa mais divertida.
Hoje, em Alcobaça os adultos dançam sem parar durante toda a noite, enquanto dura o Carnaval! E sempre todos mascarados, claro.
Continua a ser uma grande alegria para os populares da localidade verem o seu Carnaval passar pelos sítios tradicionais de sempre, como o Rossio, em frente ao Mosteiro, e vendo ser levadas à sua cidade pessoas muito conhecidas da televisão. São os seus reis do Carnaval, abandonando a tradição de os reis do carnaval serem membros da comunidade

Sem comentários:

Enviar um comentário